sábado, 12 de fevereiro de 2011

(N)O caminho do Acordo Ortográfico - Etapa I

O que é isso do Acordo Ortográfico?



 Porquê um Acordo Ortográfico?

   Qual a razão que nos levou a estabelecer um acordo de revisão ortográfica com o Brasil? Afinal, não falamos todos Português?
   Não houve apenas uma razão, mas várias. Uma delas foi, sem dúvida, evitar que a língua se começasse a escrever de modo diferente nos diversos países de expressão portuguesa e outra, intrinsecamente ligada à anterior, prende-se com a intenção de criar um vasto espaço de língua portuguesa, relevante em termos económicos, que permita a circulação de publicações escritas numa ortografia comum.
Para lá destas razões, há também outras de natureza cultural e de afirmação política que interessam a todos os envolvidos, visto que o acordo não é apenas celebrado com o Brasil, mas com todos os outros países de língua oficial portuguesa.
 
   Há quem diga que não era necessário acordo ortográfico nenhum: bastava que em Portugal se fizessem as alterações ortográficas sem envolver os outros países.
Afinal, não há nenhum acordo ortográfico entre os países que falam Inglês e todos se entendem. Será assim?

   Nada nos obrigava, de facto, a estabelecermos um acordo ortográfico com os PALOP e o Brasil.
   No entanto, na sua base está o argumento de que se o não fizéssemos deixaríamos campo aberto à influência brasileira sobre os restantes países de língua portuguesa, o que acabaria por se refletir na própria projeção internacional da língua – muito mais vista como a língua do Brasil que a de Portugal.
   Por outro lado, este acordo retarda a fragmentação ortográfica que poderia rapidamente resultar em tantas línguas portuguesas quantos os países que a falassem reduzindo o Português que aqui falamos a uma espécie de dialeto – um pouco o que passa com a atual língua galega.
   Este acordo também convém ao Brasil, a quem não interessa, tanto em termos políticos como culturais, que a língua que fala se transforme em “brasileiro”, afastando-o da esfera de uma comunidade linguística espalhada por todos os continentes.
   O caso do Inglês é diferente. Em primeiro lugar, porque é impossível unificar uma ortografia em dezenas de países que a têm como língua oficial; e em segundo, porque a sua internacionalização funciona justamente como elemento unificador. Todos reconhecemos alguém que fale Inglês, mesmo que o faça com pronúncia do Zimbabué, da Papua Nova Guiné, do Canadá ou da Nova Zelândia.


Elsa Duarte e Maria José Ivo - Professoras de Português do 10º Ano

Nota: O presente texto está escrito de acordo com as novas regras ortográficas.

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